segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tijoladas do Mosquito - Resposta


Conforme os questionamentos que recebi em email privativo e, em resposta ao Luis (que me conhece a mais de 20 anos), morador do Campeche (Sul da ilha), em Florianópolis, eu publico uma parte daquilo que conversamos (mais de duas horas), inclusive, com a sua autorização, já que durante vários meses eu havia questionado o Mosquito, tanto em particular como publicamente através dos meus blogs.

- Pôh cara, eu sei que vocês se conheciam desde a tua militância no PCB [...]

[...] bem Luis, o fato de eu ter conhecido ele no PCB e de conhecer a sua historia de luta desde antes, isso já seria motivo para ele não me chamar de "judeu de merda" e ainda dizer que “Vocês judeus e gaúchos tem que se fuderem” e, voltarem pra onde nunca deveriam ter saído. Quero apenas lembrar que faz pouco mais de quatro anos que retornei ao judaísmo, naquilo que chamamos de Baal Teshuvá, e eu pertenço ao judaísmo reformista.

Mesmo ele tendo me falado isso, eu ainda insisti e pedi pra ele não misturar o judaísmo com a questão do estupro que foi cometido pelo filho de um dos Sirotsky. Na verdade aquilo foi o suficiente para ele me ignorar por completo, inclusive me mandando tomar na “rosca” dizendo que no blog dele eu não teria direito de responder...

...Ele também teve todo o tempo do mundo para se defender daquilo que eu publicava ali no meu blog. Você pode ver que ali dificilmente eu modero alguém, mesmo que eu não goste do que me dizem, mas enfim...

...Na verdade eu estava esperando que ele me envia-se qualquer mensagem dizendo que aquilo não passou de um mal entendido e ponto final, porém, se fizesse isso, eu pediria que publicasse qualquer coisa se retratando em relação ao judaísmo, como ele fez logo após ter a infelicidade de publicar uma nota contra os gays. Não demorou muito e ele fez uma matéria visitando cordialmente uma transexual cabeleireira.

...É obvio que ele me conhecia, embora não tivéssemos uma amizade mais próxima, éramos companheiros de luta dentro do mesmo arco ideológico. Na verdade ele me foi apresentado durante uma plenária do PCB lá pelo final de 1989.

...Bem cara, muitos dos que se fizeram presente ali naquela manifestação em frente à catedral metropolitana e, tantos outros que se esmeram pela internet em discursos recheados de oportunismo, poderiam muito bem ter ajudado ele financeiramente, ou mesmo juridicamente se assim o desejassem, mas, nada disso. Na verdade Luis, é assim que agem na maioria das vezes. E olha cara, o mosquito estava passando uma barra fudida mesmo, no mínimo, mal podia se alimentar, na verdade já estava sem qualquer condição.

E, sinceramente, o seu suicídio era uma coisa inimaginável em todos os sentidos.

Eu sempre o via como um cara muito forte, convicto, politicamente preparado, arrojado e decidido, mas, jamais poderia ter imaginado que terminasse assim...

Ele pedia ajuda financeira quase que envergonhado, e usava da sua criatividade no blog pra tentar convencer os seus supostos amigos da internet, até porque os das lutas por uma sociedade mais justa, mais humana e ética politicamente falando, bem, cada um, costumam cuidar do seu próprio umbigo e da sua barriga.

Eu me lembro, há muitos anos atrás, durante minha militância mais ativa nos movimentos populares, quantas vezes eu participei de reuniões, de plenárias, e de manifestações sem a mínima condição de estar presente ali naqueles atos. Eu também passei muitas dificuldades, inclusive de sobrevivência mínima, havia dias que não tinha nem como retornar pra casa.

Eu percebia que muitos que ali se faziam presentes com discurso “socialistas” e “revolucionários”, no final de tudo, iam pra casa de carro do ano, com a barriguinha bem alimentada, E na moral mesmo, quando eu encontrava alguns deles pela rua, fingiam não terem me visto, afinal, não queriam se expor publicamente, ou serem vistos conversando com um cara magricelo, banguelo, cabeludo e quase maltrapilho, pois essa era a minha aparência no final dos anos 80 quando eu ainda era um artesão hippie.

Muitos sentiam vergonha de se aproximarem, mas durante as manifestações, bem, eles tinham que provar para as massas que pertenciam ao povo... De verdade mesmo, ninguém dá nada pra ninguém, pois se quisessem dar, o mosquito talvez estivesse vivo.

...É claro que me senti incomodado, o Edson Andrino é um histórico do PMDB e independente de ideologia, ele sempre se mostrou honesto. Você lembra que eu estava no PMDB até parte daquele ano de 1989. Eu tenho vários amigos ali, e pessoas que também tenho consideração por suas historias de lutas passadas.

...Eu também freqüentei o gabinete local do Senador Nelson Wedekin ali no edifício APLUB

...Bem cara, eu também me senti incomodado quando criticaram a atuação Sergio Grando quando este foi prefeito de Floripa pela Frente Popular. Na verdade, além de ter sido um dos fundadores da Associação dos Moradores da Praia das Areias, ele foi o vereador que juntamente com a Vereadora Clair Castilhos, bateu de frente contra os jagunços que intimidaram, e colocaram fogo em vários barracos na comunidade, nos anos 80. Por outro lado, foi o prefeito Sergio Grando que desapropriou pra fim social a área historicamente existente da comunidade de Areias do Campeche.

Já o PT, ficou a desejar, e patrocinou um despejo dramático na Vila Socialista de Diadema em SP durante um de seus governos naquela cidade.

Por isso Luis, é que existem pessoas e pessoas literalmente falando...

...Olha cara, eu não sou muito chegado no PT por questões partidárias, mas eu tenho ali muitos amigos, velhos companheiros dos movimentos populares, e também, gente que eu não gosto porque sei que são pessoas com mentes aburguesadas.

Eu tenho o maior respeito pelo Vereador Marcio de Souza porque sempre que precisei dele nas lutas sociais, ele se fez presente e atuante.

Gosto da Ideli Salvati desde os tempos que presidia o SINTE (Sindicato dos Trabalhadores na Educação), aliás, ela tem um discurso que cativa as pessoas.

Tenho diferenças? Tenho sim, mas mesmo eu não sendo de sua ideologia, ainda assim, sempre que solicitei a sua ajuda ela foi pontual, nunca se furtou por isso. Eu me lembro que no ano de 1999 durante a gestão da Ângela Amim, na prefeitura de Florianópolis, exatamente no dia que seriamos retirados da Praça XV de novembro, conforme tínhamos combinado, a Ideli apareceu na praça as 06:00 horas da manhã para se juntar aos artesão na resistência pela nossa permanência com a feira hippie de artesanato que existia desde 1968.

Ali se fizeram presentes vários sindicalistas de muitas categorias, incluindo os bancários, eletricitários, correios, vigilantes, CASAN, da previdência, dos motoristas e cobradores e tantos outros ligados a CUT.

Os ex Deputados Mauro Passos, Vânio dos Santos e a Deputada Federal Luci Choinack sempre nos apoiaram, incluindo ai o Vilson Santin.

Então, veja que eu não tenho “bronca” especial de ninguém.

No caso do mosquito, tudo se deu por seu anti-semitismo declarado.

... Claro Luis, eu também já fui criticado e até mesmo perseguido e desmistificado, dentro do próprio movimento. O jogo de interesses privados às vezes se sobrepõe a própria ideologia coletiva, e nem sempre você consegue controlar.

... O Celso Martins era jornalista e assessor de imprensa da OAB em 1989, e foi ele que agendou nossa reunião com o Paulo Henrique Blasi então presidente da OAB/SC.

Depois dessa reunião, ele agendou outra com o então Secretário de Segurança Pública do Estado, o Deputado Rivaldo Macari. O motivo tinha sido a tomada da comunidade por forças policiais que já durava mais de uma semana, por conta de um tiroteio que ocorrera entre supostos traficantes e policiais do 2º DP. Na verdade, o DEIC e a policia militar cercaram a comunidade sem tréguas.

Eu havia solicitado ao comandante da operação que parasse ou flexibiliza-se as operações, já que os caras não residiam ali. Nós éramos revistados várias vezes por dia.

Como resposta, o Delegado José Tadeu Vargas intensificou as ações.

Após nossa reunião na SSP, todo o aparato policial foi retirado por ordem do Secretário da Segurança Pública que atendeu ao pedido da comunidade com o apoio da OAB. Este era o governo do PMDB do qual eu militava, mesmo sendo marxista.

...Eu queria te dizer que ninguém é unânime naquilo que faz, até porque, sempre vai haver quem não concorda.

Numa outra situação, durante uma convenção do PCB em 1991 sem ter planejado ou mesmo tramado alguma coisa, eu derrotei o Marcão (Marco da Ross) que era o presidente do Sindicato dos Professores da UFSC (APUFSC)e disputava a composição do Diretório Municipal do partido. Na verdade eu tinha sido apoiado pelos professores da UFSC Vilson Rosalino, Jerônimo Machado, Charlie Machado (acadêmico de Direito), Sergio Grando (Deputado Estadual), João Carlos (Sociólogo) e tantos outros que me deram aquela vitória inesperada. Bem, aquilo ali foi à maior cagada da minha vida, imaginei, mas eu estava em plena efervescência nos movimentos sociais e não tinha conseguido fazer uma leitura correta daquele evento. Em 1992 ocorreu a eleição de delegados para o congresso do racha e eu fui escolhido como participante.

Chegando a São Paulo, após o racha que ocorreu no Teatro Záccaro, fizemos o nosso Congresso na a Escola Rooselvet. Eu participei de debates internos com a OPPL (Organização Popular Para Lutar) e com o PLP (Partido de Libertação Proletário) ambos com ramificações no nordeste e região central do Brasil. Estes grupos se fundiram com o PCB tornando uma força participante do Comitê Central. Durante a formação do Comitê, eu fui indicado pela delegação do estado de Santa Catarina como o único candidato, mas isso era apenas o começo do fim...


O grupo do Marcão (dos Professores) mesmo derrotado em votação interna lançou o professor Gama como o 2º candidato, contrariando a própria delegação. Eu perdi a votação, mas recebi um forte apoio dos grupos “prestistas” que haviam se incorporado ao partido, e também de outros estados. Confesso, se estivesse mais bem preparado, talvez tivesse ganhado aquela votação. Minha oratória tinha sido tímida diante do coletivo. Bem, aquele feito ali foi em decorrência do evento na votação do Diretório Municipal ocorrida no ano anterior.





Mas, isso não parou por ali. Durante a convenção partidária para as eleições no ano de 1992, eu venci a convenção que me indicou como candidato a vereador.

Durante os debates internos no partido, eu recebi incentivo e apoio da Marlene Soccas e de quase todos os companheiros de Criciúma, incluindo o Amadeu, a Terezinha, o Italiano e, praticamente todos os históricos do PCB estadual, que não aceitavam o candidato “arranjado” (Mario Motorista) que, além de declaradamente dizer que não era marxista, usou o PCB como partido de aluguel, contrariando tudo o que condenávamos no congresso do racha.

Aquilo ali foi um acontecimento gritante e imoral que no fundo mesmo, representava um conluio entre o Movimento Socialista Revolucionário (MSR) formado por maioria de professores da UFSC e os Professores também da UFSC que de fato dominavam o partido, mas, sinceramente, muito longe das massas.

Na época, eu havia pensado em comunicar o ocorrido ao Comitê Central do partido, mas, evitei no intuito de manter a tranquilidade durante o processo eleitoral.

A camarada Marlene Soccas (ex-presa política e torturada na OBAN e Operação Barriga Verde) já estava indignada desde o Congresso do Racha, quando em votação dentro da delegação do Estado, nosso grupo (das bases) derrotou democraticamente o núcleo (intelectual) da UFSC. Apenas neste adendo, o professor Gama (de economia) permaneceu pouquissimos meses em SC, tendo mudado-se para o estado do Paraná.

Eu permaneci até o final de 1998 no PCB, fato este que aconteceu após eu ter mergulhado nos estudos de várias obras e escritos de Trotsky, e, nesse sentido, optei em me filiar no PSTU.

Por isso, fica claro que o mosquito também não seria unânime, não somente pelas denuncias, mas também pela forma que as fazia em seu blog. Aliás, ele mesmo também saiu do partido e se filiou naquele que historicamente nós comunistas combatemos como entreguistas...

[...] Se eu me arrependo? Não Luis, eu não me arrependo nem um pouco por aquilo que defendo e escrevi. Pode até parecer arrogância de minha parte, mas na verdade, eu não abro mão da minha luta por justiça social, pelo socialismo enquanto ideologia, e isso seguramente passa pelo respeito às etnias, as raças, aos credos, e no combate ao anti-semitismo. Pra mim que sai do ensino fundamental há pouco tempo (tinha somente o equivalente ao ginásio), e retomei os meus estudos depois de velho, é como uma avenida literária que se abre a minha frente. Pois é graças a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que eu pude terminar o ensino fundamental (EJA) e o Ensino Médio (CEJA) e com isso, entrar numa universidade com sede de conhecimento.

Então Luis, como eu sempre digo, eu não como pelas mãos de dirigentes partidários, não como por cartilhas arranjadas no tempo da história, para atender interesses temporais. Eu não posso me arrepender pelo erro dos outros...

Eu te agradeço por ter me procurado e inclusive me questionado, nossa amizade não muda em nada, independente de tua opinião...

Eu aproveito e te deixo o endereço do meu outro blog que tem o nome de “Tijoladas na Mentira”, aliás, ali está a minha verdadeira historia de lutas. Só peço que você tenha um pouco de paciência, pois ainda estou escrevendo e corrigindo periodicamente, mesmo após ter publicado, já que os blogs permitem que você faça as correções no tempo que entender melhor.

Saudações Socialistas



segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tijoladas do Mosquito

leva trolho... 


Nada melhor que um dia após o outro...

O blog fascista "Tijoladas do Mosquito" (de Amilton Alexandre - o Mosquito) tem levado uma série de knock down da Justiça Catarinense.


Recentemente, durante uma audiência, lhe foi dado voz de prisão em flagrante por afrontar os presentes naquele fórum.

Na verdade, o dito cujo que se autodenominou um “terrorista midiático”, tem se comportado em dono do direito acusatório, e por isso escancara moralmente, denigre e acusa qualquer pessoa que esteja respondendo a algum processo, mesmo que não tenha havido a condenação dos supostos envolvidos.

Por conta deste “modus operandi” o anti-semita "ratazana de esgoto" está respondendo a mais de 50 processos civis e criminais no estado de Santa Catarina.

Desde que criou o blog, o débil mental vem agindo criminosamente como um poderoso e inimputável meliante, supostamente defensor da moral e da probidade pública.

Bem, nada de anormal se não fosse o fato deste delinqüente virtual (sic) condenar publicamente os "atores" dos processos judiciais sem o chamado “transitado em julgado”.

Aparentemente esse termo jurídico não representaria nada?

Nada disso, na verdade significa que: o “transitado em julgado” é a decisão final de uma sentença ou processo.

Na lei, o chamado “transitado em julgado” torna-se uma decisão imutável, porque não há recurso que mude sua decisão ou sentença, sendo assim, do ponto de vista da própria lei, ninguém poderia estar sendo acusado de algo ainda não confirmado por sentença judicial.

Mas esse é apenas um fator. O blogueiro de perfil “nazi-xenófobo” e “anti-semita” vai mais além, costuma caricatar de forma imoral e vexatória todos àqueles que caem em suas mãos como se fosse um prato predileto daquilo que costumava chamar de "nicho" de mercado, ou seja, quanto mais ele ridiculariza as suas "vítimas", mais o seu blog torna-se visitado e ovacionado pelo público desavisado.

Cá entre nós, uma coisa é a notícia, e outra, é o oportunismo de um pressuposto jornalismo investigativo, que na verdade, é completamente ilegal e antiético no nível do entendimento da categoria profissional dos jornalistas formados (neste caso, ele não tem diploma), que em síntese, costumam respeitar as leis civis e as leis inerentes a livre expressão democrática, de opinião, e de consciência política, o que não é o caso do tal jornalista de araque (sic).


Inúmeras vezes o sujeito publicou em seus blogs (criou vários, e foram todos cassados) matérias de denuncias que continham no seu bojo, a sanha doentia e bairrista, nazi-xenófobo e anti-semita que não consegue esconder.

O seu ódio por pessoas de outros estados, e de outras religiões, fez do acontecimento envolvendo menores em caso de estupro, um verdadeiro troféu publicitário, ao ponto de constar em seu blog, um elemento de chamada.

Eu gostaria de deixar claro aos leitores que fico bastante feliz com a retirada da web dessa ferramenta (Tijoladas do Mosquito) insufladora do ódio aos judeus (em especial), e aos cidadãos de outros estados, que na verdade, escolheram o estado de Santa Catarina para viverem, constituírem famílias, e aqui trabalharem, com todo o direito.

Eu aproveito e já respondo por aqui mesmo e de maneira bem singela, mas objetiva, os questionamentos que recebi em e-mail privativo.

1º - Se o Amilton (Mosquito) estivesse agindo dentro da lei, com certeza não teria os seus blogs cassados, até por que: calúnia, injúria e difamação não têm nada a ver com liberdade de expressão etc.

Além disso, com aquele jeito “porra louca” de fazer noticia esse cara ali esta forçando a criação de amarras ao universo virtual da internet e ao jornalismo profissional sem diploma, que é na verdade um privilégio concedido pelo governo federal através de liminar do STF (e, ele sabe disso), portanto, menos que jornalista, esse sujeitinho ali é apenas um “Jaguara” popularmente falando.

2º - Anti-semitismo é racismo, e por isso, sem milongas, ele tem mais é que levar naquele anel de couro fedido...

3º - Racismo é crime hediondo, inafiançável e imprescritível, portanto, isso é só mais um trolho que lhe espera...

Quando li a noticia, publicada pelo fascista, que dizia ter de parar com o blog por necessidade de trabalho, e por conta da sua saúde, na verdade, eu não acreditei em nenhuma de suas palavras.

No meu entendimento, o objetivo daquela postagem, foi apenas uma saída desesperada por conta de ter recebido voz de prisão durante uma audiência, e de ter contrariado a justiça quando foi intimado a cumprir uma decisão judicial que retirava os blogs da Web.

Vale lembrar que a justiça determinou que o Google retira-se da internet todos os blogs pertencentes ao anti-semita, sob pena de multa diária.

Graças a D´ us, com este número impressionante de mais de 50 processos judiciais nas costas (isso não é pouca coisa), é reta final para o debilóide nazi-fascista, que pensava ter descoberto as Américas com aquele jeito tão obvio e fácil de fazer notícias.

Para quem gosta de moleza, a cadeia será o local ideal para o meliante refletir sobre o assunto, já que ali ele terá todo o tempo do mundo e, isso é só uma questão de tempo...

E, cá entre nós, essa decisão da “Justiça Catarinense” não tem nada a ver com “censura aos blogs” ou com o “cerceamento” do direito de opinião, da livre expressão, ou qualquer outro direito democrático que o debilóide tenta passar como sendo vítima.

Sinceramente, eu fico boquiaberto em ver, como uma pessoa que se julga inteligente consegue cometer um crime tão obvio como este? E, que na busca insana da noticia fácil, dá essa escorregada infantil sem medir as conseqüências, apenas achando que poderia confundir os crimes de honra com liberdade de expressão, crimes estes, presentes em 90% das suas postagens.

- Dá licença Mané (sic), acorda pra vida, porque ter o registro de jornalista sem formação específica é um privilégio histórico para poucos e, que jamais poderia ser jogado na vala comum da irresponsabilidade.

Vai ser burro assim na casa do carvalho!

Na verdade, o blogueiro ali é um fascista débil mental, que agride as pessoas com palavras de “baixo calão”, com condenação prévia e constrangimento ilegal, como calunia e difamação, e principalmente com racismo, o que caracteriza esses atos unicamente em crimes. Na verdade, o STF definiu o anti-semitismo (ódio aos judeus) como racismo.

Infelizmente, a sua intolerância contra os judeus e os gaúchos, e aos chamados “forasteiros”, ainda esta sendo “tolerada” por alguns, caso contrário, também estaria respondendo pelo “crime hediondo de racismo”.

Mais ainda, não podemos esquecer que o doente mental escancarou ao postar sem pudor ou senso de responsabilidade, as imagens dos menores envolvidos naquele acontecimento, contrariando o que está preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente, atitude que seguramente nenhum jornalista profissional teria feito.

Bem, quem estiver com peninha do doente mental, que patrocine as suas loucuras...

Você que é investidor ou comerciante, teria coragem de ligar a sua imagem, o seu produto e os seus serviços, ou a reputação da sua empresa a esta patologia doentia?

Pense num prejuízo...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Acende a luz vermelha!




Era 17:00 horas daquele domingo ainda ensolarado, e tudo já havia terminado. 

Eu percebi a satisfação dos líderes presentes ali no evento, os mais entusiasmados eram os organizadores. 

      
Na saída alguns líderes comunitários formaram uma rodinha, tocavam violão e cantarolavam alegremente.

     Se não fosse o drama que eu tinha vivido naquela madrugada macabra, eu diria que tudo estaria muito bem, afinal, havíamos debatidos vários assuntos relacionados à nossa luta social, e estabelecido várias estratégias que mais a frente, colocaríamos em prática.

      De fato, meses após aquele evento, era o que se sucedera de forma coletiva no movimento, e de forma individualizada por nossa comunidade que seguia firme durante a minha gestão, na luta permanente em busca de uma vitória final..

     Mas, eu estava acuado no meu foro intimo, tinha sido vitima de um atentado traiçoeiro. Eles tinham me injetado alguma coisa com o intuito de provocarem a minha morte através de uma parada cardíaca, e, foi essa a conclusão que encontrei há alguns meses após aquele ato criminoso.



      Aquilo ali funcionou como uma Ditadura Canônica, algo semelhante as obrigações da Opus Dei.



      Diferente do que muitos líderes ali imaginavam, aquele que tivesse a ousadia de se lançar candidato a vereador, ou simplesmente comenta-se minimamente esta possibilidade, fatalmente seria o alvo dessa ação inquisitória.



      Na verdade, aquilo ali era um jogo político de cartas marcadas, que no pressuposto de uma discussão democrática, era algo parecido ao stalinismo, porém, com a carapuça teológica.

       Eu tinha sido apunhalado pelas costa por conta de um embate político eleitoral estabelecido ali naquela ante-sala do tempo.

      Eu jamais poderia ter imaginado a amplitude daquela luta eleitoral, e, do qual eu desconhecia que estava deflagrada.

      Até aquele momento eu sequer havia cogitado a minha participação em qualquer processo eleitoral de forma direta enquanto candidato.

      Na verdade, a minha filiação dentro do PMDB não cogitava esse objetivo, e o partido pra mim era apenas um abrigo temporário, fato este concretizado logo após a minha militância política no PCB, ainda naquele ano de 1989.

       Como marxista-leninista, meus objetivos políticos se limitavam apenas aos avanços sociais que era a “causa” maior de minha participação naquele que foi o navio-capitânia dos movimentos sociais ainda no período da ditadura.

      Não entrava na minha cabeça que aquela ONG composta por pseudo-s religiosos e militantes ocasionais, abrigava na verdade um grupo de pessoas envolvidas em falcatruas políticas, que sob um tema social, se utilizou do dinheiro público para projetos eleitorais privados, de teor e conotação criminosa, como o atentado que cometeram contra a minha vida.
     
       Eles agiram com um “fanatismo” eleitoral desmedido, ao ponto de cometerem um atentado político sem olhar a quem, justamente contra um integrante dos movimentos populares do qual posavam de representantes. 

     Eu não teria que acreditar em outro motivo, e entendo que, mesmo nas adversidades políticas e na pluralidade ideológica, o princípio da democracia deve prevalecer, e os direitos humanos respeitados, o que não foi o caso da minha participação junto aquele coletivo literalmente manipulado pela “Teologia da Mentira”.

      Eu me despedi daqueles líderes comunitários que estavam próximos de mim, e me dirigi até o ponto do ônibus.

      Eu também estava com uma vontade enorme de chorar, e, sinceramente, mesmo tendo sido um elemento capacitado, eu não cogitei em reagir à altura daquilo que tinha sido vítima.

      Eu pensava comigo, eu ainda estou vivo, estou respirando, e, essas fisgadas, e, essas queimaduras por dentro de meu corpo ainda vão passar. E, eu vou sair dessa mais uma vez. Eu sei que tentaram me matar, mas eu vou sair dessa, eu ainda vou viver para contar essa história.

      Eu pensava, sei que tenho capacidade de reagir, mas eu não tenho certeza quem cometeu o atentado. Eu sei que foram os integrantes da ONG, mas não sei quem foi o autor?

      Eu já havia escapado de um atentado no ano de 1973 quando ainda estava no exército. Eu também tinha sofrido um atentado no ano de 1975 na Rua Orfanatrófio, bairro Alto Teresópolis em Porto Alegre, e tive sorte porque não estava dentro do barraco que haviam metralhado.

      Este comentário eu enviei há alguns anos atrás para o endereço eletrônico do site da ONG Brasil Tortura Nunca Mais com sede no Rio de Janeiro. Na época, eu não recebi nenhum comentário de retorno e deixei por isso mesmo.



      E, também não é difícil de comprovação, basta os “interessados” levantarem a lebre na 2ª Auditoria Militar em Porto Alegre, local onde tramitou o meu processo militar por crime de deserção ainda no ano de 1974.  

      Eu peguei o ônibus em direção a Florianópolis, estava ansioso pra chegar a minha casa, tomar um banho e me examinar para ver em que parte do corpo eu havia sofrido aquela agulhada. E, foi o que fiz, sem comentar nada pra minha ex-companheira que havia ido buscar em Porto Alegre. 

      Na verdade, ela era aquela menina que tinha se asilado comigo no ano de 1982 na embaixada da França. Ela ainda vive até os dias de hoje na comunidade de Areias do Campeche, com os meus filhos Samuel e Michelle, que ali cresceram, e que me proporcionaram netos. 

     Eu pensava comigo, eu preciso ficar vivo, quero ver os meus filhos crescerem, eu também pretendo ver a minha comunidade sair vitoriosa nessa luta por justiça social, eu vou vencer.

      Isso me atormentava todos os dias e, eu olhava pra minha ex-mulher que vivia comigo na mesma casa, enquanto construíamos a dela, e pensava, se eu ficar pelo caminho, você vai cuidar dos nossos filhos, eles ainda eram crianças, aliás, todos os meus quatro filhos, ainda eram crianças.



      Além disso, a minha atual companheira estava grávida da minha ultima filha, mesmo ela estando morando provisoriamente em outra casa.

      No outro dia pela manhã eu chamei o meu vice-presidente da Associação, e comentei com ele o atentado do qual tinha sido vítima. Ele ficou assustado com o meu comentário, e disse-me que por essas e outras é que não gostava de dormir junto a estranhos. E ele tinha toda a razão, eu tinha sido vítima nesta condição.

      Eu ainda continuava com o meu coração periodicamente acelerando, em alguns momentos ficava normal e a seguir continuava disparando, era como uma taquicardia.
Eu também sentia aquelas fisgadas por dentro das veias que latejavam como se tivesse algum medicamento ou droga química agindo no seu interior.



      Eu comecei a ficar extremamente preocupado, andava de um lado para outro quase sem rumo, e sem demonstrar para as pessoas que estavam por perto, a agonia que estava vivendo.

     Eu ficava pensando continuamente o que eu faria para resolver aquela situação, às vezes eu sentia que poderia morrer a qualquer momento.

      Eu conversei mais uma vez com o meu vice-presidente do Sindicato dos Artesãos e da Associação dos Moradores sobre o assunto, e decidi procurar ajuda. Eu pensava comigo, é melhor agir assim, do que sofrer calado.

     No outro dia eu fui ao centro da cidade e registrei um boletim de ocorrência sobre o acontecido. O policial de plantão me escutou atentamente, e foi registrando aquilo que entendeu como um ato de contaminação por objeto pontiagudo, na verdade uma tentativa de homicídio com aquele instrumento. 



      A seguir me deu uma cópia (que tenho guardada até hoje) e me orientou dizendo que o delegado daquele distrito policial iria proceder a uma investigação.

      No outro dia eu fui trabalhar na feira de artesanato da Praça XV de Novembro, no centro da cidade. Após o meio dia, eu decidi colocar o assunto para o conhecimento público. Fui caminhando até a sede do jornal A Noticias e lá chegando relatei o acontecido para o meu amigo e jornalista Edson Rosa que me escutou atentamente.

      Ele ficou meio assustado com meus comentários, e eu havia percebido que ele tinha ficado relutante em fazer aquela publicação, então eu disse pra ele, se você não quiser publicar, tudo bem, mas se decidir esteja à vontade.

      A seguir me despedi daquele que considero um excelente jornalista, aliás, um grande parceiro das lutas sociais. O Edson Rosa (atualmente no Diário Catarinense) não publicou aquele acontecimento, e eu respeitei a sua decisão.



       Ainda no mesmo dia eu fui até o Palácio Barriga Verde (sede do governo estadual), entrei na recepção, cumprimentei o responsável que já conhecia há algum tempo e perguntei se o Sub-Chefe da Casa Civil já havia chegado ali, e, ele me respondeu que sim.

      Eu precisava criar uma espécie de cordão político de proteção para impedir que praticassem outro atentado contra a minha vida.

      Eu subi as escadas, bati na porta e pedi licença falando: Bom dia Deputado, eu preciso conversar com o senhor, e ele respondeu: Pois não, sente ai nesta cadeira.

       O ex-Deputado Murilo Canto era o Sub-Chefe da Casa Civil do governo do estado na gestão de Pedro Ivo Campos/Cassildo Maldaner.

      O Murilo Canto era praticamente a nossa chave de entrada no palácio do governo estadual, pela sua condição de Sub-Chefe da Casa Civil. Todas as demandas políticas, ou de convênios, que tínhamos com o governo, eu encaminhava por ele. Foi assim também com as ajudas financeiras para a manutenção da nossa Associação dos Moradores através do BESC Clube.

      Eu contei pra ele o ocorrido, que escutou atentamente, e, ele ficou intrigado com o acontecimento, e, a seguir sugeriu-me que eu procurasse um médico para fazer alguns exames de sangue.



       Ele ficou assustado com o que eu acabara de relatar e exclamou: O PT já está agindo assim? Porque fizeram isso?

      Eu falei pra ele que, naquele momento eu não teria condições de pagar algum exame específico. Ele perguntou o que eu precisava, e que me ajudaria no que fosse necessário. Fez um cheque de sua conta pessoal e me entregou, a seguir pegou o telefone e ligou para a Secretaria da Saúde do Estado avisando que eu passaria lá para pegar um encaminhamento para atendimento no Hospital Nereu Ramos.

      Bem, foi o que fiz, porém, no dia da consulta, que foi marcada para o outro dia, eu fui caminhando em direção ao hospital e fiquei pensando, O GAPA (Grupo de Apoio aos Portadores de Aids) ficava separado apenas por uma parede no mesmo prédio que está localizado o CAPROM, na verdade no mesmo prédio do antigo Departamento Estadual de Saúde Pública, ali na Rua Felipe Schimidt no centro da capital, que estava cedido para as duas ONGs de forma filantrópica. 

      Eu pensava, se eu fizer o exame ali independente dos resultados, mais hoje mais amanhã a ONG CAPROM vai ficar sabendo que eu fiz aqueles exames e poderá deduzir que eu esteja desconfiado do atentado que tinha sofrido lá no encontro da Escola Rural da Cidade de Palhoça, na verdade, terra natal da Ivone Perassa que nasceu na Guarda do Embaú.

      Eu cheguei à porta do hospital, entrei, olhei para o balcão, me aproximei da atendente que me perguntou: o que o Senhor deseja? Eu respondi, desculpe, eu me esqueci do papel, vou ali buscar e já volto. Não retornei, fui até o ponto do ônibus e me dirigi novamente à comunidade.

      Fiquei com aquilo na minha cabeça por uma semana, até que decidi ir a São Paulo e fazer os exames num laboratório particular. Eu paguei muito caro por aqueles exames, mas eu tinha recebido a ajuda pessoal do então Sub-Chefe da Casa Civil, o ex Deputado Murilo Canto. 

     Eu levei quase quatro meses para ir buscar o resultado, mas eu tinha a certeza que iria dar negativo.

      O meu coração ainda disparava periodicamente, aquelas fisgadas por dentro das minhas veias, e aquela dor cansada que sentia nas juntas, ficaram em meu corpo por uns sete ou oito meses, nos primeiros dois meses era contínuo, mas nos meses seguintes eu sentia aquilo de forma mais espaçada, e com o passar do tempo, misteriosamente foram desaparecendo.

      Eu ainda continuava com uma pequena dúvida em relação ao teste HIV que havia feito em São Paulo, e que na verdade, era uma doença que naquele período assustava toda a sociedade. Esse vírus tinha sido recentemente descoberto no Brasil, e se eu não estiver enganado, foi no ano de 1983, e eu precisava tirar aquela ínfima dúvida da minha cabeça.

      Bem, eu retornei a São Paulo e fiz o teste novamente, e não deu outra, o resultado me tranqüilizou, eu não era portador do vírus.

      Eu tenho um relacionamento familiar até os dias de hoje com a mesma companheira, e não poderia colocar a minha família em risco, além disso, a minha companheira estava grávida, esperava uma menina que graças a deus, nasceu, e vive com plena saúde.



      Até os dias de hoje eu fico pensando, o meu organismo resistiu a algum tipo de droga que eles tinham injetado para me matar de uma parada cardíaca. Eu acredito que a dose tenha sido muito pequena pelo fato de eu ter me acordado naquele momento macabro.

O meu organismo reagiu ao longo dos meses, e, acredito, foi criando anticorpos para me manter vivo...  

     Aquela droga que me injetaram, para acabar com a minha vida, foi fragorosamente derrotada pela própria vida.






Qual o sentido da vida, se não a própria vida?

      Mesmo após ter sofrido aquele atentado, eu ainda buscava contato com os integrantes da ONG, afinal, eu precisava ter eles por perto para fortalecer a minha própria defesa, eu sempre soube isso desde o tempo que estive no exercito, eu passei a ficar mais “antenado” do que nunca (sic).



      Os meses seguintes que antecediam as eleições presidenciais foram de intensas atividades políticas nos movimentos populares, tanto sindicais, como no campo e nas cidades, aqui no estado de Santa Catarina e no restante do Brasil.



       O MST acirrava as estratégias de luta ampliando as ocupações de terras pelo Brasil afora, aqui em Santa Catariana as ações batiam de frente com o momento político, incluindo ai, a ocupação de órgãos públicos que estava surtindo resultados.

      E, ainda dentro do movimento dos Sem Teto, na semana subseqüente ao atentado que eu havia sofrido, e que de jeito nenhum eu demonstrava ter percebido, eu preparava a lista dos moradores da nossa comunidade, que iriam invadir a prefeitura de Florianópolis. 

      Na ocupação seria um grupo de dez pessoas por comunidade participante do movimento, que simbolizava exatamente o número 13 de treze comunidades que compunham o movimento dos Sem Teto, ou seja, o número do PT que totalizaria 130 pessoas reunidas para a ocupação. Coincidência ou planejamento?

É obvio que era planejamento!

     ... Bem, um dia antes da invasão da prefeitura, na verdade numa segunda e ultima reunião que faríamos no interior da Catedral Metropolitana, eu decidi não comparecer, até porque, sinceramente, eu não conseguia olhar de frente para os dirigentes da ONG. Não conseguiria olhar para a Ivone Perassa, e muito menos para o Padre Wilson Groh, afinal, foram eles que programaram aquele evento na escola Rural da cidade de Palhoça...

      Eu sentia um ódio mortal daquele acontecimento, e sabia que não poderia ficar alimentando aquilo no meu gene mental. Eu também sabia que aquela ocupação poderia mudar os rumos dos acontecimentos em ralação a questão litigiosa que estávamos vivendo, pelo menos essa era a minha expectativa, por isso eu ainda continuava relutante em abandonar aquele coletivo antes daquela ação.

       Na verdade, aquela ação seria a ultima participação da nossa comunidade junto ao movimento dos Sem Teto, que era controlado pela ONG CAPROM e, pelo chamado PT igreja representados pela “Teologia da Mentira”.



     Afinal, como dizem em Porto Alegre, popularmente falando, “eu não sou mulher de Brigadiano” (mulher que gosta de apanhar de marido Policial Militar). 

      ...Na noite que antecedia a invasão, eu reuni a diretoria e convocamos uma lista de moradores, na verdade aqueles que estavam mais em sintonia com os acontecimentos e participavam assiduamente de nossas reuniões. 



     Nosso objetivo era discutir internamente os detalhes finais e preparar a invasão que faríamos no dia seguinte com as demais comunidades integrantes do Movimento dos Sem Teto...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Atentado político...



           Eu havia me deitado para dormir por volta das 00:30 hs. (meia noite e meia).

      Deram-me uma espetada com uma agulha, e eu sabia que tinha sido isso, porém não tinha conseguido identificar o local exato.



 Eu senti que tinham mexido em meu corpo. 




       Os meus olhos estavam pesados, como se eu não conseguisse me manter acordado. Na verdade, tinha sido ali naquele momento. Meu corpo tremeu, eu senti um calor muito forte por dentro de minhas veias. Eu havia acordado, e alguma coisa me dizia que eu deveria fingir estar dormindo. Minha experiência passada fez com que mantivesse os olhos fechados por alguns segundos.

      Eu percebi que a luzes do quarto não estavam acesas, num primeiro momento, eu quase sentei na cama por um impulso, mesmo assim eu me mantive na mesma posição que me fez acordar.

      Eu senti um forte calor e uma espécie de coceira nas panturrilhas das duas pernas, aquilo ali não era normal.

Meu coração ficou acelerado, e, foi acelerando mais, algo semelhante a uma taquicardia.

    Eu comecei a abrir os olhos lentamente e os mantive quase que completamente fechados, o suficiente para observar o vulto semelhante o de uma mulher bem próxima de mim e levemente agachada.

    Na porta do quarto havia mais duas pessoas que também estavam saindo agachadas, elas desapareceram no corredor. Eu estava com muito sono, acredito que eu tenha dormido até aquele momento pouco mais de uma hora.

      Eu realmente estava cansado e fazia um esforço descomunal para me manter acordado. Eu estava dormindo na parte debaixo do beliche. Na parte superior dormia o João que era o líder da comunidade do Jardim Ilha Continente.

       Eu comecei a pensar o que estavam tentando fazer comigo? Queriam me matar, e por quê?

      Naquele momento a minha vida passou como uma fita de cinema, muito rapidamente. Lembrei-me do sofrimento que havia passado quando ainda era menino. Eu me tinha lembrado que quando tinha 12 anos havia sido batizado por um padre.

      O meu padrinho era o Padre S.J. Armando Marocco, ele tinha uns 50 anos, e era de descendência italiana.

      O meu padrinho foi transferido para o Canadá. Eu havia recebido dele uma carta e um bonito postal da cidade Montreal, Província de Quebec, e outro da diocese do bairro de Qué, na mesma cidade.

      O padre Armando Marocco era poliglota, e eu me lembro que ele falava muito bem o italiano, inglês, espanhol, francês e o latim, até porque ele costumava falar da importância de se falar outros idiomas, inclusive ele nos incentivava muito a estudarmos para um dia sermos pessoas de bem...

      Eu nunca mais soube noticias dele. Na verdade tínhamos sido batizados num grupo de uns 8 meninos, e ele era o padrinho de todos nós.

      Eu pensei, porque estava me lembrando dele ali naquele momento? Seria um pedido ou um aviso de socorro? Eu sou muito duro de acreditar nessas “bobices” (sic).

Eu não conseguia aceitar que alguém ali tentara me matar.

      Em segundos a minha vida passou como um relâmpago pela minha cabeça, e lembrei-me da luta desigual que estávamos fazendo contra o poder econômico e político da cidade.

      Na verdade nossa luta era contra essa situação, e não adianta quererem desvirtuar para outro caminho.
     
      Em síntese, as lutas urbanas e do campo são travadas contra essas forças.

      Após cerca de uns dois minutos acordado, mas de olhos quase fechados, eu vi que tinham se afastado completamente de mim. Eu fiquei com vontade de me levantar, mas preferi ficar como estava.

      Aquela coceira tipo uma queimação nas panturrilhas (batata das pernas) me incomodava, e eu comecei a passar as mãos coçando o local. Aquilo ali diminuiu, mas o meu coração continuava acelerado. Enfim, não resisti, e peguei no sono.


      Já era umas 07:00 hs, e eu acordei, olhei para os lados e não vi ninguém ali no quarto, todos que dormiram ali já tinham feito a sua higiene pessoal e estavam terminando de tomarem café.

      Após sair do banheiro e me dirigi ao refeitório, às mesas estavam quase vazias e o pessoal estava conversando informalmente esperando o inicio das atividades. Bem, eu tinha vários amigos ali, então porque não me chamaram?

      Aquela atitude ali virou uma incógnita na minha cabeça. Eu fiquei incomodado com aquela situação. Alguém ali pediu para não me acordarem.

       Até aquele momento eu era considerado um elo importante na aglutinação das comunidades.
Eu era uma referencia no princípio de tudo, e eu não entendi aquele ato de não me acordarem.

      Além disso, aquele atentado que tinham cometido contra a minha vida me atormentava a cabeça, eu dissimulava de todas as formas como se não tivesse percebido o que tinham feito comigo naquela madrugada macabra.
Eu pensava comigo, eu vou me safar mais uma vez...
E eu continuava pensando, alguém ali tentou me matar injetando alguma coisa em meu corpo, mas eu vou sobreviver.

      Houve alguns momentos que pensei, será que me contaminaram com algum tipo de vírus? 



      Eu pensei em todas as possibilidades, e a contaminação por HIV eu descartei imediatamente, mas não tinha essa convicção em 100%.

      Eu também imaginava que aquele atentado tinha o objetivo de me provocar a morte. Imaginava que, quem cometeu o atentado estava pretendendo unicamente me atingir.

      Não seriam capazes de tamanha loucura porque sabiam que eu tinha família. A minha vida sempre foi socialmente transparente. A ONG sabia que eu tinha filhos, eles estavam bem informados porque se relacionavam com pessoas que me conheciam há muitos anos.

      Eles sabiam que eu tinha 4 filhos e minha atual companheira esperava uma menina que hoje está 21 anos. Eu tenho o Junior e a Christiane do primeiro casamento, o Samuel e a Michelle do segundo, e a Munique do terceiro, embora não estivessem todos comigo.

     Enfim, eles não seriam capazes, com essa forma hedionda ao cometerem aquele atentado, e de envolver minha família naquela ação.

Eu tomei café quase que solitário na mesa, havia várias pessoas no refeitório, mas todos já tinham tomado o seu café.
Cerca de 20 minutos após, iniciou as atividades.

      Na sala a frente do refeitório, havia uma lousa e um teólogo que se apresentou dizendo ser de São Paulo e que estava ali contribuindo para o evento.

      Ele iniciou dando uma aula sobre a estrutura fundiária do Brasil. Falou sobre o período das monoculturas, do ciclo do café, das capitanias hereditárias, da luta pela terra citando a revolta de Canudos e outros eventos históricos.

      Eu escrevia rapidamente para poder passar aos integrantes da comunidade. Naquele momento, mesmo tendo sofrido aquele atentado, eu não comentei com ninguém ali presente. Comportei-me como se nada tivesse acontecido.

      Mesmo assim eu sutilmente observava que estavam me olhando com certa discrição. Era a Ivone, o tal professor e alguns membros da ONG. Eu fingia não notar e às vezes me levantava e ia à janela acender um cigarro.

      Não havia motivos para todos me olharem, mas acredito que algum assunto comentado entre eles tivesse trazido aquele comportamento, talvez alguma coisa banal com o objetivo de criar uma observação na minha pessoa.

      Eu procurei não demonstrar surpresa alguma e muito menos o de me sentir desconfortável com aqueles olhares sutis.

      Depois de mais de uma hora e meia de “aula” houve uma pausa para um cafezinho e a seguir tudo reiniciou no ponto de parada.

      Naquele momento o meu coração estava bastante acelerado, e eu comecei a sentir umas fisgadas nas veias dos braços, nas juntas dos joelhos.

      Eu sentia uma fraqueza repentina, na verdade uma espécie de cansaço nas juntas do corpo inteiro.

      Eu estava com 35 anos, e havia levado uma vida bastante saudável até aquele momento. Eu nunca tinha adoecido, e também nunca tinha sentido nada parecido com aquilo ali.

      O tempo foi passando até que paramos para o almoço. Eu deixei as minhas anotações em cima da carteira, fui até a lousa, peguei um giz e escrevi:
“Tornei-me um cadáver ambulante porque não fui compreendido, busco paz e justiça social, estou com Deus!”

      Após escrever isso, fui ao banheiro e retornei ao tempo de ver a Elaine anotar numa folha de papel o que eu acabara de escrever. Discretamente eu pude observar que ela mostrava pra outros integrantes da ONG CAPROM.

      Aqueles escritos ficaram ali até o inicio das atividades logo após o descanso de cerca de uma hora após o almoço.

      Quando reiniciamos as atividades da tarde, logo após uma explanação sobre a reforma urbana, eu vi que os meus papeis estavam em outra posição.

      Até os dias de hoje eu tenho a convicção de que aquela encenação junto aos demais Ongueiros, de revirarem os papéis que eu estava escrevendo, tinha o único objetivo de criar um fato que justificasse qualquer desconfiança de minha parte no sentido de que eu estivesse agindo de forma errada, ou coisa parecida.

      Na verdade eles precisavam criar um fato qualquer para dissimular o acontecimento daquele evento macabro. Tentaram me confundir ao me tratarem quase como VIP logo após o atentado.

      Eu notei a atenção que a Ivone me dava diante dos outros integrantes do movimento, ela passava a imagem de que estava tudo normal, mas não estava...